Olha-te

Acreditas se eu te dissesse que a foto não é um reflexo de ti? Ou melhor, é. Mas é mais do que isso. É um reflexo da pessoas que tu és, mesmo que não saibas, que não sintas, que não tenhas consciência. 

Isto parece uma loucura, não é? 

Deixa-me contar uma história. Era uma vez a Ana. No questionário que eu envio sempre antes da sessão, as respostas da Ana eram as de uma pessoa destruída. A palavra é forte, não é? Pois foi a que ela usou para se descrever. Uma pessoa destruída. 

Ora, a mulher que eu fotografei era alegre, até leve, auto-confiante. A mulher que eu fotografei já tinha ultrapassado a relação tóxica de onde tinha acabado de sair, e já estava do outro lado da vida, o da luz. 

É que a fotografia apanha tudo, mesmo o lado que nós ainda não apanhámos, mas que já existe em nós. 

O mesmo te posso dizer para a fotografia profissional. Mais do que autoridade ou profissionalismo, nas minhas sessões profissonais, eu tento mostrar a mulher que se coloca ao serviço e sobretudo a forma como ela se coloca ao serviço face às dores do seu público. 

Em suma, eu não faço fotos. Eu mostro pessoas. Mostro dons, talentos, brilhos e fogos. 

Eu mostro-te a ti, se me deixares ver-te com os meus olhos.